Um rapaz de 18 anos que estava a perder a visão melhorou com a ajuda de uma operação pioneira feita no Hospital Oftalmológico Moorfields. Os investigadores londrinos usaram terapia génica para regenerar as células que estavam a morrer no olho direito de Steven Howarth, de forma a que ele possa agora andar confiantemente sozinho em locais escuros.
Steven, de Bolton, é a terceira pessoa que sofreu esta operação e os médicos esperam que os resultados melhorem ainda mais no futuro.
Antes da operação ele quase não via à noite e eventualmente perderia totalmente a visão. A sua doença, conhecida por amaurose congénita de Leber, deve-se a um gene defeituoso que faz com que as células da retina estejam mal formadas e degenerem ao longo da vida.
Mas através de uma operação delicada, cirurgiões do Moorfields injectaram cópias do gene na retina de Steven e, após alguns meses, foram detectadas melhorias. Ainda assim, Steven não se apercebeu destas alterações até ultrapassou facilmente um labirinto mal iluminado criado para testar a sua visão.
Robin Ali, do Instituto de Oftalmologia e que liderou o teste, refere: "Estes resultados apenas após três operações é absolutamente fantástico. Não me lembro da última vez que estive tão entusiasmado com a nossa ciência e com o que podemos alcançar com ela."
A operação deu a Steven a confiança para testar a sua melhorada visão nocturna nas ruas perto de sua casa em Bolton. Antes ele apenas era capaz de ver luzes brilhantes de carros e prédios mas, para seu espanto, descobriu que pela primeira vez conseguia ver as fendas nos passeios e os sinais no chão.
James Bainbridge, o cirurgião que realizou a operação, comenta: "É imensamente compensador ver como este novo tratamento pode ter tal impacto na qualidade de vida de uma pessoa."
Ainda há espaço para melhorias mas sem a operação era certo que Steven perdesse a visão completamente, perspectiva que o deprimia. "Quando pensava nisso sentia-me mesmo mal mas agora sinto que foi um peso que me retiraram das costas."
Até agora, a terapia génica não melhorou a visão dos outros dois pacientes que a receberam mas pode ajudar, pelo menos, a impedir que sua visão continue a desaparecer.
Robert Johnson foi o primeiro a submeter-se a esta operação, em Maio de 2007, e revela-se satisfeito com estes resultados. "Fico muito feliz, pela equipa de investigadores e cirurgiões, devido ao trabalho que tiveram até agora. Quanto a mim, fico feliz de continuar com o que já tinha, um nível de visão que me permite ser independente."
Ali diz que a equipa espera vir a tratar crianças no futuro: "O próximo passo é aumentar a dose do gene, o que esperamos melhore o resultado, e tratar pacientes mais jovens, com melhor visão residual e onde esperamos vir a fornecer maiores benefícios."
Ainda que a doença genética tratada com esta operação seja rara, os investigadores acreditam que a técnica pode ser usada para tratar uma grande variedade de problemas de visão, possivelmente até a perda de visão associada com o envelhecimento.
Bainbridge acrescenta: "Isto é só o início. O que demonstrámos até agora foi só o princípio de que a terapia génica pode ser usada no tratamento de uma doença genética em particular."
A investigação, que tem sido financiada pelo departamento de Saúde inglês e foi publicada na revista New England Journal of Medicine.
Fonte: Simbiotica
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