domingo, 1 de junho de 2008

Macacos movem braço robot com o poder da mente



Investigadores americanos criaram um implante cerebral que permite a macacos alimentarem-se a si próprios usando um braço robótico apenas por pensarem nisso.
O dispositivo pode um dia ajudar pessoas paralisadas a operar membros prostéticos que lhes permitam comer, beber ou usar utensílios por si só.
Este vídeo (clique para ver, abre numa nova janela) mostra um macaco a usar com sucesso o braço robótico para agarrar pedaços de gomas de um suporte posicionado em várias posições.
O braço foi concebido para se mover de forma realística, com uma vasta gama de movimentos de ombro, um cotovelo que se desloca apenas numa direcção e um agarrar tipo garra para simular a mão.
O braço é controlado por uma rede de minúsculos eléctrodos chamados interface cérebro-máquina, implantados no córtex motor do cérebro dos macacos, a região que controla os movimentos. O interface capta os sinais emitidos pelos neurónios cerebrais à medida que geram comandos para o movimento e converte-os em sinais direccionais para o braço robótico.
Os investigadores, liderados por Andrew Schwartz, da Universidade de Pittsburgh, Pennsylvania, primeiro treino dois macacos a usar um joystick para manipular o braço. Depois, os braços dos macacos foram envolvidos por tubos, restringindo-lhes os movimentos, e o braço robótico foi passado a controlo mental.

Como relatam na última edição da revista Nature, os dois macacos alcançaram taxas de sucesso de 61% e 78%, respectivamente, e também foram capazes de dirigir o braço em volta de obstáculos de forma a garantir a entrega segura dos pedaços de alimento, que incluíam fruta como uvas.
Schwartz acredita que não demorará muito até a tecnologia ser testada em humanos, ainda que preveja que demore um pouco mais antes de o dispositivo poderem ser usados em pacientes com deficiências. "Penso que faremos testes durante dois anos", diz ele.
Os interfaces cerebrais não são particularmente novos, versões humanas já existem há vários anos, mas esta é a primeira vez que um interface cérebro-máquina foi usado para desempenhar uma função útil, neste caso, permitir aos macacos alimentarem-se. "Até agora, quase todas as demonstrações deste tipo de tecnologia foram feitas num mundo virtual", diz Schwartz.
Desenvolver com sucesso estes implantes cerebrais para humanos vai exigir eléctrodos mais resistentes e de longa duração, acrescenta Schwartz. "O maior problema é que os eléctrodos são frágeis e acabam por ficar embebidos no tecido cerebral, formando-se tecido de cicatriz à sua volta."
Resolver estes problemas vai permitir aos técnicos desenvolver interfaces cerebrais que podem, potencialmente, duram anos ou mesmo décadas.
Fonte: Simbiotica

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