De repente um local quase desconhecido da costa portuguesa tornou-se o centro das atenções mundiais da industria da energia das ondas.
A praia da Agucadoura, a norte da cidade do Porto, é a localização da primeira quinta de energia das ondas. Cinco quilómetros ao largo, a máquina Pelamis flutua suavemente no Atlântico, gerando electricidade para Portugal.
A quinta de energia das ondas foi oficialmente lançada depois de um atraso de mais de um ano. "Tivemos um problema com as ligações subaquática", explica o engenheiro chefe Ross Henderson. "Não acredito que algo tão insignificante nos tenha custado um ano."
Para melhor compreender o problema, temos que saber como funcionam as máquinas das ondas. Pelamis é um termo antigo que significa serpente marinha e é perfeito para as máquinas, que realmente parecem cobras gigantes de metal a flutuar na água.
Cada uma tem quatro longas secções com três módulos geradores ligados entre si. No seu interior estão grandes pistões hidráulicos que, à medida que as secções se deslocam com as ondas, se movem em vaivém.
A enorme força que os pistões produzem é usada para fazer funcionar geradores nos módulos mas prender as 'cobras' ao fundo do mar é um desafio importante. O sistema tem que ser capaz de lidar com as piores condições do mar.
A Pelamis Wave Power desenvolveu uma ligação subaquática, que flutua 15 a 20 metros abaixo da superfície, permitindo que as 'cobras' sejam presas num único movimento, sem a ajuda de mergulhadores. Mas o sistema foi instalado em águas um pouco mais profundas do que o previsto e a ligação subaquática não funcionava adequadamente pois a espuma usada para a manter a flutuar não compensava o aumento de pressão.
"Percebemos a situação rapidamente mas foi preciso um pouco mais para a resolver", diz Ross. "A nossa espuma de flutuação estava a funcionar bem quando a experimentamos ao largo de Orkney mas não foi suficiente em Portugal."
Os engenheiros da Pelamis conceberam novos flutuadores e alteraram a espuma mas ainda tiveram que esperar que o tempestuoso Inverno passasse para os puderem instalar.
Duas outras máquinas foram também instaladas, totalizando três. No máximo da produção, a companhia considera que serão capazes de gerar energia suficiente para alimentar 1500 casas.
Vinte e cinco outras máquinas já estão encomendadas para a costa portuguesa. O atraso tem sido dispendioso mas Ross Henderson acredita que a companhia já adquiriu capacidade e conhecimento para lidar com a maior parte das condições marinhas que as máquinas terão que enfrentar.
"Já conseguimos fazer todas as operações com navios muito mais pequenos do que no Mar do Norte, onde tudo está à escala da exploração petrolífera, logo as instalações devem ser muito mais baratas no futuro."
A Pelamis já está a analisar novos projectos para a Noruega, Espanha, França, África do Sul e Estados Unidos. Entretanto, quatro máquinas vão ser instaladas ao largo de Orkney no próximo ano, e sete outras devem ser instaladas a norte da Cornualha no ano a seguir.
Fonte: Simbiotica
Saber mais: