quarta-feira, 29 de outubro de 2008


Controlar o nível de um tipo de ácido gordo no cérebro pode ajudar a tratar a doença de Alzheimer, sugere um estudo americano agora conhecido.

Testes em ratos mostraram que reduzir os níveis excessivos de ácidos gordos diminuía os problemas de memória dos animais, bem como as suas alterações comportamentais.

Escrevendo na revista Nature Neuroscience, a equipa refere que os níveis de ácidos gordos podem ser controlados com a ajuda da dieta ou de medicamentos.

Existem actualmente 700 mil pessoas a viver com demência só no Reino Unido mas o seu número deve duplicar no espaço de uma geração, segundo as previsões dos peritos.

Cientistas do Instituto de Doenças Neurológicas de Gladstone e da Universidade da Califórnia analisaram os ácidos gordos de ratos normais e compararam-nos com os de ratos geneticamente modificados para apresentarem uma condição semelhante ao Alzheimer.

Identificaram níveis aumentados de um tipo específico de ácido gordo, o ácido araquidónico, nos cérebros de ratos com Alzheimer. A sua libertação é controlada pela enzima PLA2.

Os cientistas usaram novamente a engenharia genética para reduzir o nível de PLA2 nos animais e descobriram que mesmo uma redução parcial parava a deterioração da memória e outros problemas associados à doença.

Rene Sanchez-Mejia, que trabalho no estudo, refere: "A alteração mais importante que descobrimos nos ratos com Alzheimer foi um aumento do ácido araquidónico e metabolitos com ele relacionados no hipocampo, o centro de memória que é fortemente e precocemente afectado pela doença de Alzheimer."

Ele sugere que demasiado ácido araquidónico pode estimular excessivamente as células cerebrais e que a redução dos níveis do ácido gordo lhes permitia funcionar normalmente.

Lennart Mucke, que liderou a investigação, acrescenta: "De modo geral, os níveis de ácidos gordos podem ser regulados através da dieta ou com a ajuda de medicamentos."

"Os nossos resultados têm implicações terapêuticas importantes pois sugerem que a inibição da actividade da enzima PLA2 pode ajudar a evitar os danos neurológicos da doença de Alzheimer. Mas é necessário muito mais trabalho antes desta estratégia terapêutica puder ser testada em humanos."

Rebecca Wood, executiva-chefe do Alzheimer's Research Trust do Reino Unido, comenta: "Esta investigação em ratos sugere uma ligação entre ácidos gordos e uma actividade anormal do cérebro, como a que existe na doença de Alzheimer."

"É razão para um optimismo moderado, pois os níveis de ácidos gordos podem ser controlados, dentro de certos limites, pela dieta e por medicamentos. No entanto, ainda não é claro se a descoberta pode ser aplicada a humanos e os testes clínicos estão a muitos estudos de distância."

Clive Ballard, director de investigação da Alzheimer's Society, considera o estudo "robusto e entusiasmante". "Esta é uma nova e potencialmente gratificante área de investigação mas estamos apenas no início."

"São necessários mais estudos para verificar se os ácidos gordos podem levar a um tratamento para os que vivem com os devastadores efeitos da doença de Alzheimer."


Fonte: Simbiotica


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Vulcões podem ter sido o berço da vida na Terra


Experiência de MillerHá cinquenta anos, o químico Stanley Miller realizou a sua famosa experiência para investigar a forma como a vida teria surgido na Terra. Recentemente, os cientistas voltaram a analisar os seus resultados com a ajuda de tecnologia actual e descobriram uma nova implicação: as faíscas que teriam desencadeado todo o processo podiam ter tido origem em vulcões.

A experiência da década de 50 tinha como objectivo testar a forma como os blocos químicos de construção da vida teriam surgido. Miller e o seu mentor da Universidade de Chicago, Harold Urey, usaram um sistema de recipientes fechados contendo água e um gás de moléculas simples que se pensava ser comum na atmosfera da Terra primitiva.

Atingiram o gás com faíscas eléctricas (que representavam os relâmpagos da Terra primitiva) e descobriram que após algumas semanas a água ficava acastanhada. Quando analisada, continha aminoácidos, formados a partir dos ingredientes simples dos recipientes.

A descoberta foi apregoada de prova de que o processo de construção dos blocos químicos necessários ao surgimento de vida na Terra podia ser totalmente baseado em fenómenos naturais.

Recentemente, o investigador do Scripps Institution of Oceanography Jeffrey Bada, estudante de graduação de Miller quando a experiência foi realizada pela primeira vez, tropeçou em recipientes contendo resíduos dos testes. Numa variação da famosa experiência, tinha sido injectado vapor no gás para simular as condições na nuvem de um vulcão em actividade. Os resultados desta variação da experiência nunca tinham sido divulgados.

Nas amostras agora recuperadas, Bada encontrou 22 aminoácidos, 10 dos quais nunca tinham sido encontrados em experiências deste tipo.

"O dispositivo a que Stanley Miller prestou menos atenção foi aquele que revelou os resultados mais excitantes", diz o membro da equipa Adam Johnson, estudante de graduação na Universidade do Indiana. "Suspeitamos que parte da razão para isto é que ele não tinha as ferramentas  analíticas que temos actualmente, logo ele teria falhado muita informação."


Após reanalisar as amostras das experiências originais que foram publicadas em 1953, a equipa também descobriu que esses recipientes continham muito mais moléculas orgânicas do que Stanley Miller tinha detectado.

"Acreditamos que havia muito mais a aprender com a experiência original de Miller", diz Bada. "Descobrimos que em comparação com a montagem que todos conhecem dos livros de biologia, a montagem vulcânica produz uma variedade maior de compostos."

Ao longo dos últimos 50 anos, os cientistas tê alterado o seu modo de pensar acerca dos elementos que estariam presentes na atmosfera primitiva da Terra. Miller usou metano, hidrogénio e amónia nas suas experiências, mas agora os investigadores pensam que a atmosfera da Terra antiga seria essencialmente dióxido de carbono, monóxido de carbono e azoto.

"À primeira vista, se a atmosfera da Terra primitiva tinha muito pouco das moléculas usadas na experiência clássica de Miller, torna-se difícil perceber como a vida pode ter surgido através de um processo semelhante", diz outro membro da equipa, Daniel Glavin, do Goddard Space Flight Center em Greenbelt, Md. 

"No entanto, para além de água e dióxido de carbono, as erupções vulcânicas também libertam hidrogénio e metano. As nuvens vulcânicas também estão carregadas de electricidade, pois as colisões entre as cinzas vulcânicas e as partículas de gelo geram relâmpagos. Dado que a jovem Terra ainda estava quente da sua formação, os vulcões seriam muito comuns." 


Fonte: Simbiotica


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Controvérsia sobre a origem da fotossíntese


Hamersley Ranges Karijini National ParkUma nova análise de rochas antigas na Austrália veio desafiar a sabedoria convencional acerca do momento em que a fotossíntese emergiu na Terra.

Em 1999, um xisto com 2,7 mil milhões de anos de idade do cratão de Pilbara na Austrália ocidental revelou conter moléculas que apenas podiam ter sido fabricadas por organismos fotossintéticos. Os geólogos concluíram que esses organismos deviam ter evoluído na mesma altura em que essas rochas se formaram.

Isto criou um quebra-cabeças: se a maioria do oxigénio da atmosfera da Terra primitiva proveio da fotossíntese, porque motivo tiveram que passar outros 300 milhões de anos antes que o nível de oxigénio subisse abruptamente, por volta dos 2,4 mil milhões de anos?

Os investigadores foram agora analisar novamente o xisto e alegam que não há nenhum quebra-cabeças a resolver. As tais moléculas foram depositadas na rocha quando muito há 2,15 mil milhões de anos, eliminando o misterioso intervalo.

A nova análise, liderada por Birger Rasmussen da Universidade de Tecnologia Curtin em Bentley, Austrália ocidental, foi publicada na última edição da revista Nature.

Jochen Brocks, da Universidade Nacional Australiana em Camberra, que participou em ambos os estudos, refere que sempre foi céptico em relação à primeira análise. "Os biomarcadores originais tinham um grande problema: os segundos mais antigos tinham apenas 1,6 mil milhões de anos." Isso deixava um intervalo inexplicável com mil milhões de anos no registo molecular entre eles e os marcadores mais antigos.

Ambos os métodos de datação dependem do funcionamento de um enzima fixadora de carbono conhecida por RuBisCO, crucial para a fotossíntese. A enzima tem uma forte preferência pelo isótopo mais leve de carbono, logo as moléculas formadas com o carbono que ela processa são relativamente mais ricas em carbono-12 do que em carbono-13.

O artigo de 1999 relatava que as moléculas carbonatadas extraídas das rochas de Pilbara a 700 metros abaixo da superfície continham uma razão de isótopos de carbono com a assinatura da RuBisCO mas os investigadores tiveram que depender das moléculas que conseguiram extrair com a ajuda de solventes, o que colocava a possibilidade de essas moléculas poderem ter fluido para a rocha antiga desde rochas mais recentes. "Por isso, não havia provas de que a idade desses lípidos encontrados seria X ou Y, apenas provas circunstanciais não desmentidas."

Brocks e Rasmussen repetiram agora a análise sem o uso de solventes, usando em vez disso um espectrómetro de massa para disparar um feixe de iões sobre a amostra sólida para deslocar os átomos. Mediram a razão de isótopos de carbono e, se a medida original fosse correcta, deveriam ter encontrado a mesma razão mas não foi assim.

Em vez disso, as novas amostras tinham razões que correspondiam a outra forma de matéria orgânica, o querogénio, originalmente produzido por bactérias metanogénicas e não fotossintéticas. Isso sugere que as moléculas referidas em 1999 tinham realmente sido lixiviadas a partir de outra rocha mais recente.

Mas a conclusão já foi questionada pelos co-autores de Brocks no estudo de 1999. Roger Summons, do Instituto de Tecnologia do Massachusetts em Cambridge, diz que os autores "não refutaram nem reconheceram a existência de outros trabalhos posteriores com isótopos de carbono e biomarcadores na mesma região da Austrália". O trabalho posterior, diz ele, sugere que a fotossíntese evoluiu mais cedo do que os propostos 2,4 milhões de anos.

Peritos independentes também estão preocupados com o artigo daNature. David Catling, da Universidade de Bristol, diz que as evidências de que a fotossíntese evoluiu há pelo menos 2,7 mil milhões de anos foram basicamente "varridos para debaixo do tapete sem discussão adequada". 

Ele salienta, por exemplo, que o artigo da Nature não refere a investigação feita em 1992 por Roger Buick sobre os estromatólitos com 2,7 mil milhões de anos. "Fico muito surpreendido que o artigo tenha sido publicado na actual forma", acrescenta Jim Kasting, da Universidade Estatal da Pennsylvania em University Park.

Dada a quantidade de evidências contraditórias, o campo deve permanecer dividido durante algum tempo. "Este debate está longe de ter teerminado", diz Summons


Fonte: Simbiotica


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Potente gás de efeito de estufa negligenciado


TVUm raro mas extremamente potente gás de efeito de estufa usado na industria electrónica é, pelo menos, quatro vezes mais abundante na atmosfera do que se pensava.

Para controlar melhor os níveis de trifluoreto de azoto (NF3), este gás tem que ser adicionado à lista de gases regulamentados pelos futuros acordos sobre as alterações climáticas, recomendam os cientistas.

O NF3 é 12 a 20 mil vezes mais eficiente a reter calor que o dióxido de carbono, o mais conhecido dos seis gases de efeito de estufa regulados pelo Protocolo de Kyoto sobre as alterações climáticas de 1997.

Nos últimos 10 anos, o NF3 tornou-se uma alternativa ambientalmente preferível aos perfluorocarbonetos mais voláteis. Actualmente é usado regularmente no fabrico de televisões plasma e outros dispositivos com monitores planos, como fonte de átomos de flúor reactivos usados para aplicar os chips de silicone nos dispositivos.

Dado que se pensava que apenas quantidades ínfimas do gás escapavam para a atmosfera durante estes processos, cerca de 2% de todo o NF3produzido, estava há muito assumido que a sua contribuição para o aquecimento global de origem humana era negligenciável.

Esta noção foi desafiada pela primeira vez no início deste ano, quando Michael Prather, químico atmosférico na Universidade da Califórnia em Irvine, questionou as taxas de emissão assumidas para o gás.

Agora, análises de amostras de ar recolhidas por duas estações costeiras na Califórnia e na Tasmânia, Austrália, confirmaram pela primeira vez que uma percentagem significativamente maior da produção total de NF3escapa para a atmosfera.

A equipa de investigadores, liderada por Ray Weiss, do Scripps Institution of Oceanography de La Jolla, Califórnia, usou uma combinação de cromatografia gasosa e espectrometria de massa para medir os níveis de NF3 nas suas amostras.

Descobriram que ao longo das últimas três décadas a concentração atmosférica do gás aumentou mais de 20 vezes, de 0,02 para 0,454 partes por trilião, com a maioria das emissões a ocorrerem no hemisfério norte. 

O teor global do gás na atmosfera, estimado em 2006 em menos de 1200 toneladas, é realmente 4200 toneladas e já subiu desde então para 5400 toneladas, relatam eles na última edição da revistaGeophysical Research Letters.

Dado o seu enorme potencial para o aquecimento global e um tempo de vida estimado em 740 anos, é o equivalente ao efeito de 67 milhões de toneladas de dióxido de carbono, aproximadamente as emissões anuais totais de CO2 de um país como a Finlândia.

"Eu diria 'case encerrado', já está demonstrado que este é um importante gás de efeito de estufa", diz Prather, que não esteve envolvido neste segundo estudo. "Agora precisamos de obter números acerca de que quantidade está a escapar ao controlo do sistema, desde a produção até à eliminação dos aparelhos."

"As industrias não ligaram grande coisa ao estudo original de Michael Prather, considerando-o especulação", diz Piers Forster, químico atmosférico na Universidade de Leeds. "Este novo estudo mostra que o NF3 está presente em quantidades significativas e está a aumentar."

Os dois estudos apanharam o problema em boa altura para as industrias corrigirem os seus erros, acrescenta ele. Os monitores de cristais líquidos (LCD), por exemplo, podem ser produzidos de forma mais amiga do ambiente e podem rapidamente substituir os monitores plasma.

"O problema pode desaparecer naturalmente", concorda Jim Haywood, cientista atmosférico no Meteorological Office do reino Unido. "Mas entretanto vale a pena incluir o NF3 na lista de gases de efeito de estufa regulamentados." 


Fonte: Simbiotica


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Poluição com ureia torna as marés tóxicas

A poluição com ureia pode desencadear a produção, por parte das algas oceânicas, de uma toxina mortal chamada ácido domóico, descobriram os cientistas.
A investigação pode ajudar a explicar várias mortandades em massa de animais, incluindo uma de aves que se diz ter sido a fonte de inspiração para Alfred Hitchcock realizar o famoso filme de terror "Os pássaros".
Raphael Kudela, oceanógrafo na Universidade da Califórnia, Santa Cruz, fez a descoberta depois de estudar a alga Pseudo-nitzschia australis, uma espécie frequente em águas temperadas e subtropicais. Apesar de os florescimentos desta alga serem geralmente benignos, há muito que se sabe que por vezes originam ácido domóico.
À semelhança das gaivotas kamikaze retratadas no filme de terror de 1963, os animais envenenados com ácido domóico apresentam padrões comportamentais erráticos. A 18 de Agosto de 1961 os residentes da cidade de Capitola, Califórnia, acordaram com pardelas-pretas Puffinus griseus a chocar com os telhados e as ruas cobertas de aves mortas. De acordo com um jornal local, Alfred Hitchcock, que vivia a poucos quilómetros de distância, pediu cópias das notícias como "material de investigação para o seu último thriller".
Apesar de os investigadores só poderem especular quanto à intervenção do ácido domóico neste acontecimento histórico, os toxicólogos modernos já associaram de forma conclusiva a toxina a casos mais recentes.
Em 1987 marisco contaminado envenenou 100 pessoas na ilha do Príncipe Eduardo no Canadá, matando três e causando muitos casos de amnésia. Em 1998, 400 leões-marinhos desorientados morreram ao longo das costas da Califórnia central, com o ácido domóico a ter origem num cardume de peixe contaminado ao nadar através de uma maré tóxica antes de ser devorado pelos leões-marinhos. "Com intervalo de alguns anos surge um grande surto que causa a morte de lontras, pelicanos ou leões-marinhos", diz Kudela.
"O ácido liga-se fortemente a receptores superficiais de neurónios excitatórios, o que impede que estas células deixem de enviar impulsos nervosos", diz Melissa Miller, veterinária do Departamento de Pesca e Caça da Califórnia em Santa Cruz. É verdade que a toxina não torna os animais homicidas mas os danos cerebrais provocam padrões comportamentais estranhos antes da morte, diz ela.
Pensa-se que a poluição de origem humana desempenha um papel nesta situação mas os investigadores não tinham sido capazes de identificar o contaminante que leva a P. australis a começar a produzir ácido domóico. "Certamente é uma combinação de factores, o que torna difícil mostrar a relação causa-efeito", diz Kudela.
Por isso, ele e os seus estudantes testaram uma série de químicos presentes em fertilizantes, incluindo nitratos, amónia e ureia, para determinar os seus efeitos sobre as algas. A ureia foi o único químico que aumentou a produção de ácido domóico e em casos em que o plâncton tinha misteriosamente começado a produzir baixas quantidades do ácido, a adição de ureia duplicava a produção.
Depois de recolher amostras de água ao largo da costa da Califórnia, também descobriram que as concentrações de ureia nas baías de Monterey e San Francisco eram suficientemente altas para justificar alguns florescimentos nocivos recentes de algas.
A ureia não é comum em fertilizantes agrícolas mas está presente em muitos produtos de jardinagem. As estações de tratamento de águas residuais testadas no estudo de Kudela não libertavam grande quantidade de ureia mas tanques sépticos mal vedados já têm libertado ureia na baía de Chesapeake e no golfo do México. "Os animais marinhos libertam pequenas quantidades de ureia mas a questão da poluição é quase inteiramente de origem humana", diz Kudela.
"Este trabalho associa directamente as actividades humanas às centenas de vítimas mortais entre os mamíferos marinhos que resultam da exposição ao ácido domóico", diz Frances Gulland, director de ciência veterinária do Centro de Mamíferos Marinhos de Sausalito, Califórnia.
Ainda que não haja forma de saber de certeza se a ureia causou o famoso incidente que inspirou "Os pássaros", Kudela considera que o poluente devia estar a ser lançado no mar na época. "Havia muita urbanização nova na época, com muitos tanques sépticos não regulamentares."
Kudela tenciona agora analisar outros factores químicos que podem provocar as marés tóxicas de P. australis. 

Internet empurra para mudança evolutiva do ser humano, diz cientista

A internet não está apenas transformando a forma como as pessoas vivem, mas também alterando a maneira como o cérebro funciona, com uma mudança evolutiva que coloca o internauta em uma nova ordem social. Essa é definição de um estudo produzido pelo neurocientista da Universidade da Califórnia, Gary Small, especialista em função cerebral.

Apesar da tecnologia acelerar a aprendizagem e desenvolver a criatividade, o cientista afirma que a internet pode gerar problemas como a criação de amizades exclusivamente virtuais e o aumento de diagnósticos de DDA (Distúrbios do Déficit de Atenção).

Segundo Small, as pessoas que serão beneficiadas na próxima geração serão aquelas que conseguirem aliar habilidades sociais e tecnológicas. "Estamos vendo uma mudança evolutiva", diz.

O estudo com 24 adultos que usavam a web descobriu que os usuários mais experientes mostraram o dobro da atividade cerebral em áreas que controlam a tomada de decisões e de raciocínio.

"Nós estamos mudando o ambiente. O jovem médio já gasta nove horas por dia expondo seu cérebro à tecnologia", afirma.

Small explica que existem medidas que podem resolver o problema da perda do contato humano e da capacidade de ler expressões emocionais e linguagem corporal. "Uma delas é diminuir o tempo com a tecnologia e ter um jantar em família, por exemplo, para encontrar um equilíbrio."

Fonte: Noticias BOL

domingo, 26 de outubro de 2008

Emissões de CO2 superam previsão mais pessimista da ONU

As emissões de CO2 atingem níveis mais preocupantes que os piores cenários anunciados pelos relatórios do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas). Dados coletados pelo Programa da ONU para o Meio Ambiente (Pnuma) alertam que as emissões estão já acima das piores taxas imaginadas e que a elevação dos oceanos é superior ao que os especialistas previam.

A ONU pede que, apesar da crise financeira, governos e empresas não abandonem suas metas e programas ambientais. "As emissões estão se acelerando. O paciente, que é a Terra, não está se recuperando", afirmou Sylvie Lemmet, diretora do Departamento Econômico do Pnuma.

"Muitas empresas estão cortando dinheiro de filantropia. Mas esperamos que as atividades principais no setor de meio ambiente sejam mantidas", afirmo Georg Kell, que coordena um grupo de empresas em todo o mundo que se comprometeram a adotar políticas pró-ambientais, entre elas a Copagaz, no Brasil.

No ano passado, o IPCC lançou uma série de relatórios que deixaram claro que as mudanças climáticas são uma realidade e que o mundo terá de tomar medidas para frear essa tendência. Para avaliar o risco ambiental, os mais de mil especialistas do IPCC desenharam diferentes cenários.

O pior deles indicava que haveria uma alta nas emissões de CO2 na atmosfera de 2,7% ao ano na atual década. "O problema é que estamos vendo, desde 2000, um crescimento nas emissões de 3,5% por ano, apesar de todo o esforço internacional", alertou Lemmet. Nos anos 90, o aumento das emissões era de apenas 1% ao ano e mesmo assim já preocupava os cientistas.

Outro cenário alarmante é o de elevação dos oceanos. Com a elevação da temperatura da terra, as calotas polares derreteriam, causando inundações em muitas cidades costeiras. No pior dos cenários, os oceanos teriam seus níveis elevados em no máximo 0,9 metro em uma década.

Os novos números apontam que a elevação dos oceanos variou no mundo entre 0,8 metro e 1,5 metros. Em 2030, se esse ritmo for mantido, 300 milhões de pessoas poderiam ser afetadas diretamente e obrigadas a abandonar suas cidades. A elevação de temperaturas já estaria gerando emissões de metano, algo que seria ainda mais preocupante que as emissões de CO2.

Outra constatação é de que a perda de cobertura de gelo nos pólos é duas vezes maior na atual década que nos anos 90 e quatro vezes maior que os registros de 1980.

A ONU levará esses números à reunião que ocorrerá na Polônia em dezembro. O encontro tem como objetivo tentar avançar as negociações sobre a criação de um acordo mundial sobre as mudanças climáticas.

Já os países ricos enfrentam uma resistência cada vez maior de seu setor privado, alegando que a atual crise financeira tornará inviável pagar pelas mudanças tecnológicas que o novo modelo ambiental exige.

Fonte: Jamil Chade/
Estadão Online

Biólogo apresenta som que células fazem ao 'pensar'

O biólogo britânico Brian Ford diz ter conseguido captar o som do impulso elétrico que uma célula cerebral cultivada em laboratório emite para outra célula cerebral.

Ford prolongou a gravação para mostrar como os neurônios aparentemente se comunicam uns com os outros.

O pesquisador compara o áudio gravado ao som emitido por aves marinhas e alega que sua gravação demonstra uma propensão destas células à resolução de problemas, um comportamento inteligente.

Em um estudo apresentado nesta segunda-feira na Universidade de Cambridge, Ford afirma que uma única célula é capaz de pensar sozinha e até de se comunicar com outra.

De acordo com o biólogo, um organismo unicelular como uma ameba, por exemplo, não apenas flutua como também é capaz de construir uma "casa", juntando grãos de areia para formar uma proteção.

Complexidade - Segundo Brian Ford, a manifestação de habilidade mental não é algo que ocorre a partir da complexidade de organismos mais evoluídos, e sim inerente em cada célula individualmente.

O cientista afirma que é preciso analisar as células humanas como um maestro vê uma música, não como um grupo individual de notas musicais, mas como uma sinfonia.

O professor e biólogo diz ainda que muitos organismos unicelulares são capazes de, além de construir proteções elaboradas, fazer reparos em si próprios e até mesmo caçar alimentos.

Ford conclui que, quando a importância destas observações é levada em conta, é preciso reconhecer que estas células estão tomando decisões, se adaptando a situações e descobrindo o que fazer quando têm algum problema.

Isso, mais do que ação em grupo, seria a base da inteligência, de acordo com o biólogo.

Fonte: Estadão Online

A Tecnologia, o Consumismo e seus Impactos Sócio-ambientais


Maurício Novaes Souza (*) e Maria Angélica Alves da Silva (**)

A humanidade herdou um acúmulo de 3,8 bilhões de anos de capital
natural: mantendo-se os padrões atuais de uso e degradação, muito
pouco há de restar até o fim do século XXI. Considerando a recente
crise econômica, que tanto tem preocupado a população e os governos
mundiais, ninguém percebe que se está perdendo mais dinheiro com o
desaparecimento das florestas do que com a atual crise financeira
global, segundo conclusões de um estudo encomendado pela União
Européia. A pesquisa foi realizada por um economista do Deutsche
Bank, que calculou que os desperdícios anuais com o desmatamento
variam em uma faixa de US$ 2 trilhões a US$ 5 trilhões.

Para se chegar a esses números, é necessário saber que os serviços de
armazenamento de água e da regulação do ciclo de carbono, entre
outros, realizados gratuitamente pela natureza, criam condição para
um meio ambiente saudável, oferecendo não só água e ar limpos,
chuvas, produtividade oceânica, solo fértil e elasticidade das bacias
fluviais, como também certas funções menos valorizadas, mas
imprescindíveis para a manutenção da sustentabilidade, tais como: a)
o processamento de resíduos (naturais e industriais); b) a proteção
contra os extremos do clima; e c) a regeneração atmosférica.

Contudo, nas últimas três décadas se consumiu um terço dos recursos
da Terra, ou seja, de sua riqueza natural. É sabido que ecossistema é
um sistema aberto integrado por todos os organismos vivos, inclusive
o homem, e os elementos não viventes de um setor ambiental definido
no tempo e no espaço. Suas propriedades globais de funcionamento
(fluxo de energia e ciclagem da matéria) e auto-regulação (controle)
derivam das relações entre todos os seus componentes, tanto
pertencentes aos sistemas naturais, quanto aos criados ou modificados
pelo Homem.

Com o aumento populacional que se deu no último século e com o
surgimento de novas tecnologias, aceleraram-se as atividades
econômicas de acordo com suas supérfluas e ilimitadas necessidades,
em uma velocidade jamais vista. Tudo isso acontece a partir de uma
visão antropocêntrica clássica - o homem e suas interações com o
ambiente à sua volta devem se fazer de forma prioritária, e
descompromissada, modificando e transformando os ambientes naturais
para que sejam satisfeitas as suas vontades.

Os resultados dessas ações são facilmente perceptíveis ao longo de
toda a biosfera. Esta interferência ocorre em diversos níveis, agindo
diferentemente sobre os componentes ambientais: ar, solo, água e
seres vivos. Os reflexos, geralmente desastrosos, podem ser
observados, por exemplo, nas atividades agropecuárias e florestais,
particularmente quando praticadas de forma extensiva, causando
profundas alterações na paisagem, em nível mundial. Nos sistemas
urbanos, também, são encontradas marcas profundas da intervenção
humana.

Essa situação se agravou a partir da Revolução Industrial, que criou
o modelo de capitalismo atual, cujos processos de produção
consideravam como pólos excludentes o homem e a natureza, com a
concepção desta como fonte ilimitada de recursos à sua disposição. A
partir dessa época, a capacidade produtiva humana começou a crescer
exponencialmente e a força de trabalho se tornou capaz de fabricar um
volume muito maior de produtos básicos, a custos reduzidos. Esse fato
elevou rapidamente o padrão de vida e os salários reais, fazendo
crescer a demanda dos diversos produtos das indústrias, lançando os
fundamentos do comércio moderno.

No entanto, o que se percebe, é que as sucessivas agressões que o
meio ambiente vem sofrendo em decorrência das atividades humanas, vêm
causando impactos negativos e causando uma série de prejuízos sócio-
econômicos e ambientais. Ao meio da crise econômica e ambiental
atuais, e de tamanha confusão, as pessoas, desinformadas, perguntam-
se: "o que fazer?"; "como fazer?"; "a quem recorrer"; ou "em quem
acreditar?" As alternativas são várias para solucionar tais
problemas; mas o que tem gerado bastante discussão é se as medidas
tomadas só defendem os interesses de cada país ou interesses
pessoais... ou se realmente pensam na coletividade... Será que
realmente existe a intenção de solução definitiva para as questões
sociais e ambientais?

Para exemplificar, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, depois
de fazer diversas reuniões com parlamentares da bancada ruralista,
entregou nessa semana à Casa Civil uma proposta que reduz as punições
contra desmatadores. Pressionado, ele aceitou alterar ou revogar
artigos do decreto que assinou no fim de julho, com o presidente
Lula, para endurecer a Lei de Crimes Ambientais. O anúncio foi feito
na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado. Na mesma
reunião, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, fez duras
críticas à legislação ambiental do país, dizendo: "se todas as regras
atuais forem respeitadas, é melhor fechar o Brasil".

Ou seja, o nosso grande problema é que vivemos em um mundo
capitalista, onde negócios e lucros são as únicas referências, de
fato, consideradas importantes. Para se atingir esse objetivo,
incrementa-se o consumo, estimulado por campanhas maciças na mídia. O
modismo é outro aspecto que acaba nos influenciando: se um modelo de
computador está "na moda", o que compramos há pouco tempo já parece
estar ultrapassado e isso faz com que acabemos comprando um novo
modelo. O mesmo acontece com o telefone celular e outros bens de
consumo.

Na verdade, esse comportamento é resultado de uma estratégia usada
pelo modelo capitalista que criou o consumismo obsoletista, onde um
produto já é lançado tendo o seu sucessor mais moderno na prateleira
para ser apresentado em pouco mais de seis meses ou um ano. Uma
verdade, que poucos se dão conta, é que nos dias atuais, de toda a
produção mundial, apenas 1% tem vida útil superior a seis meses e, em
nossa euforia de consumo, devido ao desconhecimento do ciclo de vida
dos produtos, não damos conta que é o meio ambiente que estará sendo
afetado. Não podemos esquecer que a primeira etapa da fabricação de
um produto se dá com a extração de recursos naturais, cuja exploração
está se dando de forma exagerada e desordenada, e o seu destino final
também será em um determinado local do ambiente.

Outra dimensão da insustentabilidade do consumo atual das economias
humanas passa pela forma socialmente desigual da distribuição das
riquezas e da renda. Ou seja, há uma pressão diferenciada exercida
pelos consumidores sobre os ecossistemas. Ao contrário, as populações
dos países ricos são responsáveis pela apropriação de 80% dos
recursos naturais e de energia, sendo que representam menos de 20% da
população global. Qual a conseqüência desse modelo? A atual crise
global da economia... e que afetará, indiscriminadamente, todos os
países do Planeta.

Na verdade, quando analisamos o comportamento da humanidade ao longo
de sua história, observamos um enorme fascínio pelo uso de novas
tecnologias, associadas ao desenvolvimento de novos produtos e, ou,
processos de produção. Porém, apesar de significativas vantagens
proporcionadas com essas inovações, servindo de auxílio para a
solução de grandes problemas, questiona-se a sua efetividade,
inclusive com inúmeras dúvidas sobre os efeitos à saúde, por exemplo,
quanto ao uso desse novo "brinquedo", o telefone celular.

Nessa semana, especialistas de todo o mundo se reúnem no Rio de
Janeiro para discutir dados científicos relacionados aos efeitos
biológicos de radiações ionizantes, notadamente aquelas emitidas por
antenas e equipamentos de telefonia celular, estações transmissoras
de rádio e TV, linhas de transmissão e distribuição de energia
elétrica, além de discutir aspectos de proteção e limites de
exposição. A Comissão Internacional de Proteção contra as Radiações
Não-Ionizantes promove o encontro internacional com o objetivo de
apresentar os seus avanços científicos. As discussões subsidiam novas
recomendações para limites de exposição, conforme recomendação da
Organização Mundial da Saúde (OMS).

No futuro, há de se perceber, que os avanços científicos e
tecnológicos voltados para o setor produtivo, deverão permitir a
implantação de indústrias limpas, que estão na base de um crescimento
econômico mais equilibrado e integrado como o meio ambiente. O
primeiro passo para uma grande mudança é consumir menos e poder
utilizar os recursos naturais de maneira sustentável. Contudo, a
Educação Ambiental, que é o caminho mais curto para se atingir esse
objetivo, a sua efetiva inclusão no currículo, de forma
incompreensível, vem sendo protelada pelo Ministério da Educação.

De fato, carecem de uma visão equilibrada e integrada do meio
ambiente, holística e sistêmica, que favoreçam a própria gestão da
tecnologia. Os modos de produção necessitam de um novo modelo. No
meio urbano, a implantação de sistemas de gestão ambiental que
estimulem a produção mais limpa seria uma alternativa; na área rural,
os modelos de produção agroecológicos podem ser considerados
fortemente inseridos nessas propostas.

* Engenheiro Agrônomo, Mestre em Ciências Florestais/Recuperação de
Áreas Degradadas e doutorando em Engenharia de Água e Solo pela UFV.
É professor do CEFET - Rio Pomba, coordenador dos cursos Técnico em
Meio Ambiente, EAD em Gestão Ambiental e Pós-graduação em
Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável; consultor do IBAMA e
conselheiro do COPAM da Zona da Mata, MG.
mauriciosnovaes@yahoo.com.br.

** Pedagoga e especialista em Agroecologia e Desenvolvimento
Sustentável. É professora das disciplinas Sociologia, Filosofia,
História e Políticas Educacionais do CEFET - Rio Pomba.
gecamau@yahoo.com.br.

Estudo nega que aspirina previna ataques cardíacos em diabéticos

Uma pesquisa conduzida por especialistas escoceses sugere que a aspirina não é eficiente na prevenção de ataques cardíacos em diabéticos. O estudo, publicado na revista especializada "British Medical Journal", afirma que o medicamento não trouxe benefícios para um grupo de 1,3 mil diabéticos que não apresentavam sintomas de doenças cardíacas.

Os resultados contradizem teorias anteriores de que pessoas com diabetes deveriam consumir aspirina rotineiramente para se proteger dos riscos de ataques cardíacos e infarto.

Cerca de 80% dos diabéticos morrem em conseqüência de doenças cardiovasculares. O uso da aspirina, no entanto, é recomendado para pessoas que já tiveram ataques cardíacos ou foram diagnosticadas com doenças na artéria coronária porque pode reduzir futuras complicações em até 25%.

Longe demais - No estudo, os cientistas da Universidade de Dundee acompanharam 1,3 mil adultos de mais de 40 anos de idade ao longo de sete anos. Eles observaram que não houve diferença na incidência de ataques cardíacos ou infartos entre os que tomaram aspirina e os que tomaram um placebo.

A coordenadora do estudo, Jill Belch, disse que a aspirina é uma das causas mais comuns de admissões hospitalares para os casos de sangramentos estomacais.

"Nós fomos um pouco longe demais com o uso da aspirina", afirmou a pesquisadora. "Nós precisamos repensar seu uso na prevenção de doenças cardíacas", disse Jill, acrescentando que o medicamento tem benefícios para pessoas com histórico de doenças cardíacas.

Fonte: Folha Online

Temperaturas no Ártico atingem nível recorde, diz relatório

A região do Ártico está neste ano registrando temperaturas de outono recordes e a segunda maior perda de gelo oceânico da história, segundo o relatório anual da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (Noaa, na sigla em inglês) dos Estados Unidos.

O Annual Arctic Report Card, compilado por 46 cientistas de dez países, ressalta ainda que o Oceano Ártico está mais quente e menos salgado à medida que o gelo derrete, e que as populações de rena parecem estar em declínio.

"As temperaturas de outono estão 5º C acima do normal, um recorde, em conseqüência da grande perda de gelo oceânico nos anos recentes, que permite maior aquecimento do oceano", atesta o relatório.

Segundo o estudo, o ano de 2007 foi o mais quente já registrado no Ártico. Neste ano, as temperaturas de inverno e primavera "permanecem relativamente altas" em toda a região, "em contraste com as do século 20 e em consistência com uma influência emergente do aquecimento global".

Imagens obtidas por satélite indicam que, após um verão em derretimento, a extensão mínima do gelo ártico atingiu 4,7 milhões de quilômetros quadrados.

É apenas "um pouco" melhor do que o recorde mínimo de 4,3 milhões de quilômetros quadrados registrado há apenas um ano, em setembro de 2007, quando a cobertura de gelo do oceano ficou 39% abaixo da média de 1979-2000, e 50% abaixo da média 1950-70.

"A extensão mínima (do gelo) no verão de 2008 reforça ainda mais as fortes tendências negativas em relação ao derretimento da cobertura observado nos verões dos últimos 30 anos", diz o estudo.

Conseqüências - Como conseqüência do derretimento, o Oceano Ártico continua a se aquecer e se tornar mais doce. Outro efeito é que a taxa de elevação das águas chegou a quase 0,1 polegada (25 milímetros) por ano, uma taxa considerada "sem precedentes".

"As mudanças no Ártico mostram mais claramente do que em outras regiões um efeito dominó em decorrência de múltiplas causas", disse o oceanógrafo James Overland, do Laboratório Ambiental Marinho do Pacífico da Noaa.

"É um sistema sensível e normalmente reflete mudanças de modo relativamente rápido e dramático."

As mudanças têm efeito sobre o ecossistema da região. Manadas de renas, que vinham aumentando desde os anos 1970, agora mostram sinais de estabilidade ou declínio, de acordo com o estudo.

Além disso, populações de ganso estão aumentando e tomando outras regiões dentro do ecossistema do Ártico.

Fonte: Estadão Online

Mundo tem que abandonar obsessão por crescimento, diz revista

Em plena crise global, com governos e mercados preocupados com uma possível recessão mundial, a revista especializada britânica "New Scientist" foi às bancas nesta semana com uma capa na qual defende que a busca por crescimento econômico está matando o planeta e precisa ser revista.

Em uma série de entrevistas e artigos de especialistas em desenvolvimento sustentável, a revista pinta um quadro em que todos os esforços para desenvolver combustíveis limpos, reduzir as emissões de carbono e buscar fontes de energia renováveis podem ser inúteis enquanto nosso sistema econômico continuar em busca de crescimento.

"A Ciência nos diz que se for para levarmos a sério as tentativas de salvar o planeta, temos que remodelar nossa economia", afirma a revista.

Segundo analistas consultados pela publicação, o grande problema na equação do crescimento econômico está no fato de que, enquanto a economia busca um crescimento infinito, os recursos naturais da Terra são limitados.

"Os economistas não perceberam um fato simples que para os cientistas é óbvio: o tamanho da Terra é fixo, nem sua massa nem a extensão da superfície variam. O mesmo vale para a energia, água, terra, ar, minerais e outros recursos presentes no planeta. A Terra já não está conseguindo sustentar a economia existente, muito menos uma que continue crescendo", afirma em um artigo o economista Herman Daly, professor da Universidade de Maryland e ex-consultor do departamento para o meio ambiente do Banco Mundial.

Para Daly, o fato de o nosso sistema econômico ser baseado na busca do crescimento acima de tudo, faz com que o mundo esteja caminhando para um desastre ecológico e também econômico, dadas as limitações dos recursos.

"Para evitar este desastre, precisamos mudar nosso foco do crescimento quantitativo para um qualitativo e impor limites nas taxas de consumo dos recursos naturais da Terra", escreve.

"Nesta economia de estado sólido, os valores das mercadorias ainda podem aumentar, por exemplo, por causa de inovações tecnológicas ou melhor distribuição. Mas o tamanho físico dessa economia deve ser mantido em um nível que o planeta consiga sustentar", conclui Daly, que compara a atual economia a um avião em alta velocidade e a sua proposta a um helicóptero, capaz de voar sem se mover.

Reformar o capitalismo - Mas essas mudanças no sistema não serão fáceis. Em uma entrevista à revista, James Gustav Speth, ex-conselheiro do governo Jimmy Carter (1977-1981) e da ONU, afirma que o movimento ambiental nunca conseguirá vencer dentro do atual sistema capitalista.

"A única solução é reformarmos o capitalismo atual. Os Estados Unidos cresceram entre 3% e 3,5% por um bom tempo. Há algum dividendo deste crescimento sendo colocado em melhores condições sociais? Não. Os Estados Unidos têm que focar em indústrias sustentáveis, necessidades sociais, tecnologias e atendimento médico decente, e não sacrificar isso para fazer a economia crescer. Eu não defendo o socialismo, mas uma alternativa não-socialista para o capitalismo atual", diz.

Ele também faz críticas ao atual movimento ambientalista.

"A comunidade ambientalista, pelo menos nos Estados Unidos, é muito fraca quando falamos sobre mudança de estilo de vida, consumo e sobre sua relutância em desafiar o crescimento ou o poder das corporações. Nós precisamos de um novo movimento político nos EUA. Cabe aos cidadãos injetarem valores que reflitam as aspirações humanas, e não apenas fazer mais dinheiro.

Obsessão pelo crescimento - A revista também traz um artigo que discute o argumento de que o crescimento econômico é necessário para erradicar a pobreza e que quanto mais ricos ficam alguns, a vida dos mais pobres também melhora. É a chamada Teoria do Gotejamento.

Segundo Andrew Simms, diretor da New Economics Foundation, em Londres, este argumento, além de "não ser sincero", sob qualquer avaliação, é " impossível".

"Durante os anos 1980, para cada US$ 100 adicionados na economia global, cerca de US$ 2,20 eram repassados para aqueles que estavam abaixo da linha de pobreza. Durante a década de 1990, esse valor passou para US$ 0,60. Essa desigualdade significa que para que os pobres se tornem um pouco menos pobres, os ricos tem que ficar muito mais ricos".

Segundo ele, isto pode até parecer justo para alguns, mas não é sustentável.

"A humanidade está indo além da capacidade da biosfera sustentar nossas atividades anuais desde meados dos anos 1980. Em 2008, nós ultrapassamos essa capacidade anual em 23 de setembro, cinco dias antes do ano anterior".

Ele ainda afirma ser impossível que um dia toda a humanidade tenha o padrão de vida dos países desenvolvidos.

"Seriam necessários pelo menos três planetas Terra para sustentar essas necessidades se todos vivessem nos padrões da Grã-Bretanha. Cinco se vivêssemos como os americanos".

Para Simms, a Terra estaria inabitável há muito tempo antes que o crescimento econômico pudesse erradicar a pobreza.

Para que o mundo possa ter uma economia ecologicamente sustentável, segundo Simms, é preciso acabar com o preconceito de alguns em relação ao conceito de "redistribuição", que, para ele, é o único modo viável de acabar com a pobreza.

"Só foi preciso alguns dias para que os governos do Reino Unido e dos EUA abandonassem décadas de doutrinas econômicas para tentar resgatar o sistema financeiro de um colapso. Por que tem que demorar mais para introduzirem um plano para deter o colapso do planeta trazido por uma conduta irresponsável e ainda mais perigosa chamada obsessão pelo crescimento?".
Fonte: Folha Online

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