quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Vacina da Merck contra a Aids facilitou a infecção

Seg, 03 Nov, 09h30
WASHINGTON (AFP)


 A vacina experimental de luta contra a Aids criada 
pelo laboratório americano Merck, cujo teste clínico foi paralisado 
repentinamente no final de 2007, facilitou a infecção pelo vírus HIV, 
de acordo com um estudo de pesquisadores franceses divulgado nesta 
segunda-feira, nos Estados Unidos.

A pesquisa, realizada no Instituto de Genética Molecular de 
Montpellier (França), mostra como essa vacina, que despertou grande 
esperança para vencer a Aids, não apenas foi ineficaz para impedir a 
infecção com o vírus, como a facilitou.

A vacina (HIV-1), utilizada pela Merck nos testes clínicos de fase 1 
e 2, chamados STEP, era baseada em uma cepa enfraquecida do vírus 
muito comum do resfriado, o Adenovírus 5 (Ad5), como vetor de porções 
de HIV no organismo.

Essas "porções" deveriam deflagrar, normalmente, uma resposta do 
sistema imunológico contra uma infecção posterior pelo HIV.

Uma das preocupações causadas pela vacina Ad5 foi que a reação 
imunológica do corpo ao adenovírus provocasse uma rejeição da vacina 
por parte do organismo antes que uma resposta anti-HIV pudesse se 
desenvolver, explicam os cientistas, cujo estudo aparece na versão on-
line do Journal of Experimental Medicine.

Três anos depois do início do teste clínico, os pesquisadores se 
deram conta de que um número cada vez maior de participantes que 
receberam a vacina experimental e tiveram uma resposta imunológica 
aos adenovírus era também mais numeroso em termos de infecção pelo 
HIV, em comparação aos que não desenvolveram imunidade contra o vírus 
do resfriado.

Essa nova pesquisa mostra que a presença durável, no organismo, dos 
anticorpos gerados no ciclo natural das infecções com os adenovírus 
pode alterar a resposta imunológica à vacina anti-HIV, explicam esses 
pesquisadores. De fato, o HIV se propagou em culturas celulares em 
laboratório três vezes mais rápido na presença de anticorpos 
produzidos para reagir à infecção pelo adenovírus Ad5.

Os anticorpos gerados pela vacina se ligam aos receptores na 
superfície das células imunológicas e facilitam a entrada de partes 
do vírus HIV em seu interior.

Uma vez dentro, essas partes do HIV infectam as células, 
especialmente os linfócitos T, principal componente do sistema 
imunitário.

A vacina da Merck foi testada, a partir de 2004, no Brasil, Estados 
Unidos, Austrália, Peru, Porto Rico e África do Sul.

Ao contrário das vacinas tradicionais, já testadas sem sucesso contra 
o vírus da Aids e que tentam reforçar a imunidade do organismo, a 
vacina da Merck visava a estimular os linfócitos T.

Fonte: Noticias Yahoo

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