A subida de temperatura nos pólos foi pela primeira vez atribuída directamente às actividades humanas, segundo um estudo agora conhecido.
O trabalho, realizado por uma equipa internacional, foi publicado na última edição da revista Nature Geoscience.
Em 2007, a comissão das Nações Unidas sobre alterações climáticas apresentou fortes evidências científicas de que a subida das temperaturas médias globais é devida principalmente às actividades humanas, o que contradisse ideias de que seria o resultado de fenómenos naturais como o aumento da intensidade solar.
No entanto, na altura não havia provas suficientes para dizer o mesmo acerca do Árctico e do Antárctico.
Agora essa falha na investigação foi corrigida, de acordo com os cientistas que desenvolveram uma análise detalhada das variações de temperatura em ambos os pólos. O estudo indica que que os humanos contribuíram realmente para o aquecimento em ambas as regiões.
Os investigadores esperavam este resultado para o Árctico, devido ao recente aumento brusco do degelo de Verão do gelo marinho na região, mas as variações de temperatura na Antárctica tinham sido, até agora, ainda mais difíceis de interpretar. O estudo actual, de acordo com os investigadores, sugere pela primeira vez que há uma influência discernível tanto na Antárctida como no Árctico.
A equipa de investigação analisou as variações de temperatura nas regiões polares e comparou-as com dois conjuntos de modelos climáticos. Um assumia que não tinha havido interferência humana, enquanto o outro assumia que sim.
O melhor encaixe ocorreu com os modelos que assumiam que as actividades humanas, incluindo a queima de combustíveis fósseis e a destruição da camada de ozono, tinham desempenhado um papel importante.
De acordo com um dos investigadores envolvidos no estudo, Peter Stott, chefe do acompanhamento climático do Serviço Meteorológico inglês, demonstrar formalmente que a Antárctica estava a ser influenciada pelas actividades humanas foi um desenvolvimento crucial.
"No recente relatório do IPCC, por exemplo", diz ele, "não era possível fazer uma afirmação acerca da Antárctica porque o estudo ainda não tinha sido concluído por essa altura. Ainda assim, quando o fizemos notou-se claramente a impressão digital humana nos dados analisados. Realmente não se pode continuar a alegar que se trata de variações naturais que estão a conduzir estas alterações imensas no nosso sistema climático."
Phil Jones, director da Unidade de Investigação Climática da Universidade de East Anglia, comenta: "O nosso estudo está certamente a fechar várias falhas no último relatório do IPCC mas ainda penso que muitas pessoas, incluindo alguns políticos, estarão relutantes em aceitar as evidências ou fazer alguma coisa até que se possa dizer especificamente que um evento em particular foi causado pelo Homem, como uma cheia grave ou uma onda de calor. Até descermos à pequena escala, vai sempre haver pessoas a duvidar das evidências."
Fonte: Simbiotica
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