Uma população até agora desconhecida de traças vampiras foi descoberta na Sibéria e, de acordo com os entomólogos, terá evoluído a partir de uma espécie que se alimentava de fruta.
Apenas ligeiras variações de padrão de asa distinguem a população russa de uma traça comum na Europa central e do sul,Calyptra thalictri, que apenas se alimenta de fruta.
Quando pousadas nas mãos dos investigadores, as traças russas perfuraram a pele com as suas línguas armadas com ganchos e bárbulas para sugar sangue.
A entomóloga Jennifer Zaspel, da Universidade da Florida em Gainesville, refere que a descoberta sugere que a população de traças pode estar numa "trajectória evolutiva" de divergência com as restantes populações de C. thalictri. Esta é a segunda população de traças vampiras que Zaspel descobriu, a primeira foi na Rússia em 2006.
No próximo Janeiro, ela tenciona comparar o DNA das populações russas com o das restantes populações e o de outras espécies para confirmar as suas suspeitas.
"Com base na geografia, comportamento e variação fenotípica dos padrões de asas, podemos especular que estas traças representam algo diferente, algo novo", diz Zaspel. "Mas é difícil dizer sem saber as diferenças genéticas entre os indivíduos dessa população, bem como entre indivíduos de outras populações, até que ponto este grupo será."
Se se confirmar que Zaspel capturou realmente uma traça da fruta em plena evolução para alimentação à base de sangue, pode fornecer pistas para a forma como algumas traças desenvolveram o gosto pelo sangue.
Alguns investigadores, salienta ela, colocaram a hipótese de que os insectos e outros animais vampiros evoluíram de animais com comportamentos como alimentar-se de lágrimas, estrume ou ferimentos infectados.
"Observamos uma progressão da alimentação com néctar para o lamber de sumos de fruta, para diferentes comportamentos perfuradores de fruta, culminando finalmente com a perfuração da pele e a alimentação de sangue", diz ela.
Chris Nice, biólogo que estuda a evolução de borboletas na Universidade Estatal do Texas em San Marcos, diz que poucas borboletas e traças estão equipadas com as línguas com ganchos e bárbulas necessárias à perfuração dos frutos. "A etapa de perfuração de fruta prepara o palco, no sentido morfológico, para outras transições, neste caso para a alimentação com sangue."
Nice acrescenta que a investigação genética como a de Zaspel é a única maneira de testar as hipóteses sobre a forma como certos comportamentos evoluem.
A próxima questão é saber porque motivo esta população russa deC. thalictri parece ter desenvolvido este comportamento, diz Zaspel.
Ela salienta que apenas os machos são vampiros, levantando a possibilidade de que, em algumas espécies de borboletas e outras traças, o façam para passar sal para as fêmeas durante a copulação.
"Não há qualquer prova de que prolongue a vida do macho ou algo parecido", diz ela. "Logo suspeitamos que provavelmente passe para a fêmea." Este presente sexual forneceria nutrientes importantes para as larvas que se alimentam de folhas, pobres em sódio. Se o sal for limitado no ambiente de alguma forma, a teoria do presente sexual "faria sentido", acrescenta Nice.
Fonte: Simbiotica
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