Spievak recuperou pele, unha e até mesmo a impressão digital |
Pesquisadores da Universidade de Pittsburgh desenvolveram um pó especial que estimulou as células do dedo ao redor da parte decepada a crescer.
Veja o vídeo da reportagem em baixo.
Lee Spievak, de 69 anos, havia perdido a ponta do dedo ao colocá-la na hélice de um avião miniatura.
Mas, agora, Spievak tem uma ponta regenerada, com pele, nervos, unha e até mesmo a impressão digital.
Isso foi possível depois que recebeu do irmão, Alan, que trabalha com medicina regenerativa, o pó desenvolvido pelos cientistas da Universidade de Pittsburgh.
"Na segunda vez que eu coloquei o pó, eu já pude perceber que o dedo havia crescido. A cada dia, crescia um pouco", Spievak contou ao correspondente da BBC em Ohio, Matthew Price.
"Levou cerca de quatro semanas até fechar completamente", afirmou.
Agora, ele diz ter "movimento e sensibilidade total".
Bexiga de porco
O pesquisador Stephen Badylak, da Universidade de Pittsburgh, desenvolveu o pó usando células da parte interna da bexiga de um porco.
O tecido retirado é colocado em um ácido e submetido a um processo de secagem. Em seguida é transformado em um pó.
"Há vários tipos de sinais no corpo. Alguns são bons para deixar cicatrizes, outros para criar tecidos regenerativos", diz Badylak.
O cientista acredita que o pó criado conseguiu estimular as células do tecido a crescer em vez de cicatrizar.
Se for aperfeiçoada, a técnica poderia ser usada para tratar pele com queimaduras sérias e até mesmo órgãos danificados.
"Eu acredito que dentro de dez anos nós teremos maneiras de fazer com que o osso se regenere e promover o crescimento de tecidos ao redor do osso. E isso é um grande avanço para, eventualmente, conseguir restaurar um membro inteiro", afirmou Badylak.
Os cientistas pretendem testar a nova técnica em Buenos Aires em uma mulher que sofre de câncer do esôfago, e militares americanos devem iniciar testes em soldados que perderam parte dos dedos em ação.
Cientistas duvidam de pó que fez dedo decepado crescer
Um deles afirma que a substância usada não poderia obter um resultado tão complexo, e outro acredita que a recuperação do dedo pode ter sido um processo natural.
Lee Spievak, de 69 anos, havia perdido a ponta do dedo – segundo ele, quase até a primeira junta - ao colocá-la na hélice de um avião miniatura, em 2005.
Mas Spievak conseguiu, em algumas semanas, fazer crescer uma nova ponta com pele, nervos, unha e até mesmo a impressão digital, depois de aplicar um pó conhecido como extracellular matrix - desenvolvido pela Universidade de Pittsburgh.
A equipe da Universidade de Pittsburgh havia usado o pó na regeneração de estruturas biológicas mais simples, e pesquisadores ao redor do mundo vêm buscando formas de estimular o crescimento de células.
Mas, segundo muitos cientistas, fazer a ponta de um dedo crescer seria um avanço muito significativo.
"É aí que o meu ceticismo começa. Seria uma tarefa muita complexa", disse Stephen Minger, especialista em medicina regenerativa do King's College, em Londres.
"No momento, especialistas estão tentando descobrir como criar células do coração, do cérebro, do fígado. Eu não sei como seria possível fazer a ponta de um dedo crescer com esse pó", disse Minger.
Minger também se diz desconfiado com o fato de que Spievak recuperou a sensação no dedo.
"Quando as pessoas têm a ponta do dedo recolocada, por exemplo, os nervos não crescem novamente e a pessoa não tem a sensação de pressão ou dor", afirmou.
'Um processo extraordinário'
Simon Kay, professor de cirurgia da mão da Universidade de Leeds suspeita que Spievak tenha sofrido um "ferimento comum" na ponta do dedo que não teria afetado o osso ou levado à perda da unha.
Segundo Kay, a ponta do dedo tem extraordinários poderes de regeneração que ainda não são universalmente reconhecidos.
"Parece se recuperar porque nova pele cresce ao final do dedo - isso é uma recuperação normal", afirmou.
Segundo ele, se houver tecido em cima do osso, o paciente poderá ficar com uma ponta.
"É um processo extraordinário. Pode ser surpreendente como o dedo se recupera depois de um ferimento feio, mas é o que se espera da maioria de partes periféricas do corpo", concluiu Kay.
Os cientistas britânicos dizem querer ver a pesquisa da Universidade de Pittsburgh publicada em jornais acadêmicos.
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